Nuvem de poluição sobre Kuala Lumpur. Além de
causarem a maior parte do aquecimento global, as emissões gasosas derivadas da
combustão de combustíveis fósseis, usados por exemplo em automóveis, indústrias
e usinas termoelétricas, são uma das maiores causas da poluição
atmosférica.[109]
Nos anos 1970 o tema já estava sendo estudado em
larga escala, multiplicando-se a bibliografia especializada, mas os cientistas
do clima e os ambientalistas ainda não haviam ganhado força política para
colocar suas conclusões nas mesas de negociação dos governos.[103] Um dos
trabalhos mais importantes desta década foi o Relatório Charney, publicado em
1979 pela National Academy of Science dos Estados Unidos, que enfocou
claramente o problema e declarou que "se o dióxido de carbono continuar a
se elevar, não há razão para duvidar que resultarão mudanças climáticas, e não
há razão para acreditar que elas serão desprezíveis".[101] Nos anos 80,
foram feitos outros estudos dos impactos das emissões humanas de gases estufa
em projeções futuras de temperatura. Dois destes trabalhos[110][111] foram
realizados em 1981 e 1988 por James Hansen, da NASA, um dos principais
climatologistas do mundo. Além das limitações da época quanto aos dados e
capacidade computacional disponíveis, havia incertezas quanto à própria
sensibilidade climática, bem como à evolução das emissões humanas de gases
estufa. Mesmo assim, ambos os trabalhos, quando comparados às observações
subsequentes, mostram bastante precisão. O primeiro deles projetou evolução de
temperatura ligeiramente inferior ao observado, e se baseou em cálculos que
incluíam uma sensibilidade climática de 2,8 °C. O segundo, por sua vez, superestimou
o aumento de temperatura, se baseando em uma sensibilidade climática de 4,2 °C.
Tais resultados corroboram o consenso em torno da sensibilidade climática de
cerca de 3 °C.[111][112]
A Conferência de Toronto, realizada em 1986, foi a
primeira a colocar o clima na pauta de debates, contando com a participação de
um grupo de trabalho sobre os gases estufa, mas o grupo não tinha caráter
oficial e não podia impor recomendações e práticas.[103] Em 1988 Hansen
apresentou seus resultados para o Congresso dos Estados Unidos, marcando uma
das primeiras tentativas bem sucedidas da comunidade científica de alertar o
poder público da necessidade de ação para limitar emissões de gases
estufa.[101][113] Sua representação recebeu larga divulgação na imprensa e o
tema se tornou imediatamente popular, mas até a data havia grande cautela entre
os cientistas na associação da elevação da temperatura com as atividades
humanas. Desde então as pesquisas se multiplicaram, e a referida associação
ganhou crescente grau de certeza com a compilação de numerosas evidências
adicionais, embora ao mesmo tempo se levantasse grande polêmica sobre a
confiabilidade dos achados e das previsões.[114][115][101][116]
A partir de 1990 o Painel Intergovernamental sobre
Mudanças Climáticas (IPCC), organizado sob a chancela da Organização
Meteorológica Mundial (OMM) e do Programa das Nações Unidas para o Meio
Ambiente (PNUMA), e coordenando uma equipe científica vasta composta de vários
milhares dos melhores especialistas de todo o mundo, passou a publicar seus
relatórios. O IPCC não produz pesquisa original, mas sintetiza o estado da arte
neste tema.[114][116] O relatório de 1990 já declarou que os gases estufa
emitidos pelo homem já tinham alterado perceptivelmente a temperatura global, e
previu que essas emissões, entre outras consequências, "vão amplificar o
efeito estufa, resultando em média num aumento adicional na temperatura da
superfície terrestre. O principal gás estufa, o vapor d'água, vai aumentar em
resposta ao aquecimento global e fazer com que este também aumente".[117]
Em 2007 veio à luz o Quarto Relatório, confirmando, com muito elevado grau de
confiança, que o homem é responsável pelo aquecimento presente, e detalhando
com profundidade as evidências disponíveis e as condições atuais nos vários
ecossistemas e na vida humana, bem como os impactos potenciais futuros sob
diferentes cenários de emissão, sugerindo adicionalmente formas de combate às
origens e efeitos do problema.[116]
0 comentários:
Enviar um comentário