Estrada destruída pela erosão costeira na Baía
Palliser, na Nova Zelândia.
A elevação do nível do mar também afetará os
ecossistemas costeiros, causando sua degradação ou erradicação, com perdas ou
modificações importantes na biodiversidade.[136][219][232] Outro efeito direto
é a erosão costeira, provocando o recuo da linha de areia nas praias, mudanças
no perfil dos litorais e destruição de infra-estruturas litorâneas construídas
pelo homem, como barragens, estradas e habitações, além de prejudicar o lazer,
o turismo e outras atividades econômicas e sociais.[233][234] Ao mesmo tempo,
os aquíferos costeiros subterrâneos de água doce tendem a ser invadidos por
água salgada, diminuindo a oferta de água potável para as populações humanas,
gerando por extensão problemas de saúde e inquietação social.[235]
O aquecimento da água, além de causar a elevação do
nível do mar, produz por si só vários outros efeitos negativos. Altera as
correntes marinhas, a salinidade, os níveis de oxigênio e de evaporação,
modifica a estratificação das camadas de água, e acelera as taxas de
derretimento do gelo flutuante, com variados efeitos secundários sobre a
biologia marinha e o clima de todo o planeta.[236] As reações químicas do
metabolismo animal e vegetal são diretamente influenciadas pela temperatura do
meio em que vivem. O aquecimento das águas provoca também um maior consumo de
oxigênio, torna as espécies mais vulneráveis a malformações congênitas e doenças,
altera os padrões e ritmos de crescimento e os ciclos de reprodução, e
interfere na oferta de alimentos.[237][238][239][240][241]
Curva que mostra a relação entre a pressão e a
temperatura na liberação do metano.
Um outro efeito do aquecimento da água, que até
recentemente era desconhecido, é a liberação de metano estocado em sedimentos
depositados no fundo do oceano, sob a forma de hidratos de metano (ou
clatratos), que resultam da sua combinação com as moléculas de água em
condições de baixa temperatura e/ou alta pressão, como as que ocorrem nas
regiões frias ou em águas profundas. Nesta combinação, o metano não representa
ameaça ambiental. Contudo, o atual aquecimento do oceano cria as condições
ideais para que esta combinação seja desfeita nas águas rasas e o metano escape
para a atmosfera, circunstância que tem sido chamada de "detonação da
bomba de clatratos".[242][243][244][245][246] O grande problema é que a
quantidade de gás estocado desta forma é imensa, calculada em até cerca de dez
mil gigatoneladas (dez trilhões de toneladas), uma quantidade maior do que
todas as reservas conhecidas de combustíveis fósseis juntas.[247] Além disso, o
metano é até 36 vezes mais potente do que o gás carbônico em sua capacidade de
aumentar o efeito estufa.[248] Em condições normais, cerca de 90% do metano
liberado de águas profundas é oxidado em seu caminho até a superfície e perde
seu potencial de ameaça térmica, mas por outro lado contribui para a maior
acidificação e desoxigenação da água. Em águas rasas, como as que cobrem a
parte ocidental da plataforma continental da Sibéria, sua emergência não sofre
neutralização significativa e o metano acaba escapando para a atmosfera. Esta e
outras zonas de pouca profundidade são sujeitas a terremotos, aumentando o risco
de exposição direta de grandes quantidades de
metano.[242][243][247][249][250][245] Segundo Archer, "existe na Terra
tanto metano na forma de hidratos que parece o ingrediente perfeito para um
cenário apocalíptico. [...] O reservatório de hidratos de metano tem o
potencial de aquecer o clima da Terra até um estado semelhante ao da 'estufa do
Eoceno' num intervalo de poucos anos. O potencial para uma devastação
planetária colocado pelo reservatório de hidratos de metano parece, portanto,
comparável à destrutividade de um inverno nuclear ou de um impacto de um
meteorito".[243] Apesar do entendimento desses mecanismos ainda ser
incompleto e haver controvérsia, a maioria dos estudos não considera provável
uma liberação massiva de metano a partir dos hidratos dentro dos próximos
séculos, embora admitam que alguma quantidade, ainda incerta, deva ser
efetivamente liberada neste período. Se a mudança climática levar a uma grande
elevação das temperaturas, contudo, a longo prazo este metano pode vir a ser
liberado em vastas quantidades.[251]
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