August Jr-Voltar Para Minha Ex (Cordas Da Musica) (R&B) [Download]
Artista:
August Jr. (Cordas Da Musica)
Titulo:
Voltar Para Minha Ex
Género:
R&B
Produtora:
Mouzy Beat
Ano:
2018
Formato:
Mp3
Saúde
Saúde
O mosquito transmissor de malária tem sua
multiplicação e dispersão favorecidas pelo aumento de temperatura.
É esperado o aumento na incidência e mudanças na
distribuição geográfica de várias doenças, especialmente as
cardiorrespiratórias, as infecciosas e as ligadas à má nutrição, elevando
significativamente os custos com a assistência médica e social.[136][83] O
aquecimento deve provocar também a redistribuição geográfica de todas as
doenças que de alguma forma são influenciadas pelo clima e pelas condições do
tempo. Doenças como a malária e a dengue, que são veiculadas por mosquitos,
ocorrem em regiões quentes, onde o desenvolvimento do mosquito é favorecido.
Com a elevação das temperaturas globais, regiões mais frias, antes imunes a
essas doenças, estão se tornando novos focos epidêmicos, e onde elas já
existiam, estão se agravando.[281][282][283] Segundo Barcellos et al., a
malária é um dos principais problemas de saúde pública na África, ao sul do
deserto do Saara, no sudeste asiático e nos países amazônicos da América do
Sul, e a dengue é a principal doença reemergente nos países tropicais e
subtropicais. Várias outras moléstias influenciadas pelo clima, como a
leishmaniose, febre amarela, filariose, febre do oeste do Nilo, doença de Lyme
e várias arboviroses, provavelmente seguirão neste caminho. Outras perturbações
nos ecossistemas ou nos sistemas produtivos, que favoreçam a proliferação de
vetores dessas doenças ou diminuam a resistência humana às infecções, como a
subnutrição, a água potável de baixa qualidade, problemas de saneamento como
ocorre nas inundações, tendem a aumentar a gravidade e a incidência das
epidemias. Alterações de temperatura, umidade e chuva podem amplificar os
efeitos das doenças respiratórias, assim como alterar as condições de exposição
aos poluentes atmosféricos.[284][283]
Outras doenças que estão tendo condições mais
favoráveis de difusão em virtude do aquecimento são as zoonoses, aquelas que
são típicas de animais mas podem contaminar o homem. A degradação ambiental
generalizada que ocorre hoje força migrações de populações selvagens e muitas
vezes elas invadem áreas habitadas pelo homem em busca de novos locais de
abrigo e alimento, facilitando as infecções. Outros fatores colaboram
ativamente neste processo, como o crescente comércio de espécies selvagens
exóticas e mudanças no uso da terra. Epidemias recentes de gripe aviária, vírus
ebola e síndrome respiratória aguda grave, que custaram muitas vidas e enormes
recursos financeiros, são exemplo dramáticos de zoonoses que provavelmente se
tornarão mais frequentes, e sob certas circunstâncias podem degenerar em
perigosas pandemias. O aquecimento global é uma das principais causas do
surgimento de novas doenças.[285] A saúde geral das populações e sua capacidade
de responder às novas doenças também devem ser afetadas pelo aquecimento. O
aumento nas concentrações atmosféricas de CO2 deve favorecer a disseminação de
diversos vegetais que provocam grandes incômodos para o homem na forma de
alergias, e o gás estimula a produção de pólen, outro alérgeno importante.[174]
Abastecimento
Abastecimento
Uma consequência esperada do somatório de todos os
efeitos do aquecimento global é o sério comprometimento da produção de
alimentos. Como foi assinalado, as mudanças nos mares devem significar uma
importante ameaça aos estoques de peixes, moluscos e crustáceos para consumo,
que constituem alimento básico ou importante para grande parte da população
mundial.[135][136][268][276] O aquecimento global também afeta a produção de
outros alimentos. A elevação das temperaturas, as mudanças nas chuvas, na
circulação de umidade atmosférica, no ritmo das estações, no ciclo do carbono,
no ciclo do nitrogênio e outros nutrientes, a redução da umidade do solo e dos
mananciais de água, o aumento nas taxas de evaporação superficial, a tendência
à desertificação subtropical, sem dúvida vão prejudicar a agricultura, a
pecuária e a silvicultura de grandes áreas produtoras em todo o
mundo.[136][13][188] Todas essas atividades, que vêm sendo desenvolvidas há
milênios, e que dependem essencialmente de outros seres vivos, dependem também
das condições estáveis e previsíveis do clima às quais todas as espécies foram
acostumadas há muito tempo. As mudanças atuais são rápidas e grandes demais
para a natureza absorvê-las, e deverão alterar todo o conhecido equilíbrio das
forças naturais, desorganizando e desestruturando grande parte dos sistemas
produtivos da humanidade construídos sobre esse mesmo equilíbrio, cuja razoável
estabilidade e previsibilidade possibilitou o desenvolvimento de sistemas de
alta produtividade em larga escala como os que existem hoje, dos quais depende
a humanidade para sua sobrevivência e conforto. Em consequência, prevê-se que
deverão crescer a pobreza, a incidência de doenças e a fome, bem como os
conflitos violentos derivados da competição entre grupos e nações por recursos
em declínio. Devem aumentar também o uso de pesticidas e adubos nas culturas
para compensar a queda na produtividade, o que contaminará ainda mais o
ambiente e elevará os custos de produção, gerando novos prejuízos num efeito de
cascata.[118][136][137][138][277]
Temperatura e umidade atmosférica mais altas e extremos
climáticos mais frequentes e intensos também afetam o metabolismo de animais e
vegetais, tornando-os mais propensos a epidemias e a distúrbios de crescimento
e reprodução, e dificultam a preservação da qualidade de grãos e outros
alimentos armazenados, fatores que juntos concorrem para reduzir ainda mais a
produtividade geral e aumentar as perdas.[278] Um estudo da UNEP publicado em
2016 alertou para um aspecto antes pouco conhecido, referindo que mais do que
prejudicar as colheitas, o aquecimento pode tornar algumas das principais
culturas agrícolas venenosas para o consumo, uma vez que plantas submetidas a
estresse prolongado, como o que ocorre sob temperaturas elevadas demais ou na
escassez de chuvas, ficam debilitadas e podem produzir substâncias químicas em
níveis tóxicos para o homem. São conhecidas cerca de 80 espécies de plantas que
sob circunstâncias adversas deixam de converter nitratos em aminoácidos e os
acumulam em seus tecidos em níveis tóxicos tanto para o homem como para animais
que as consomem, incluindo algumas das mais importantes culturas de grãos, como
a cevada, o milho, o sorgo, a soja e o trigo, que estão na base da alimentação
humana e de uma série de criações de animais. Além disso, se depois de um
período de seca as plantas são irrigadas, o seu rápido crescimento subsequente
faz com que algumas espécies acumulem uma outra substância tóxica, o ácido
prússico, sendo incluídas nesta categoria, por exemplo, o milho, a soja,
algumas gramíneas consumidas pelo gado de corte, o damasco, as peras e maçãs.
Outra ameaça produzida pelo aquecimento é que plantas em estresse impregnam-se
mais facilmente de toxinas produzidas por fungos e outros microrganismos
invasores, um problema que em estimativa de 1998 afetava cerca de 25% de todas
as culturas de cereais e que tende a piorar.[278] Hoje quase um bilhão de
pessoas sofre de fome crônica. Sistemas produtivos cada vez mais fragilizados
por crescentes ameaças e perdas em várias frentes, associados ao rápido aumento
populacional, multiplicam os riscos para a segurança alimentar das
nações.[279][280]
Poluição
Poluição
CrumpleEarth.jpg
Factory.svg Poluição atmosférica
Chuva ácida Índice de qualidade do ar Modelização de
dispersão atmosférica CFC Escurecimento global Destilação global Aquecimento
global Qualidade do ar interior Buraco do ozono PM10 Smog
DIN 4844-2 D-P005.svg Poluição da água
Eutrofização Hipóxia (Ambiente) Poluição marinha
Detritos marinhos Acidificação oceânica Maré negra Poluição por barcos Poluição
térmica Águas residuais Qualidade da água
GHS-pictogram-pollu.svg Contaminação do solo
Poluição do solo Biorremediação Herbicida Pesticida
Fluegelrad.svg Contaminação radioactiva
Radioatividade ambiental Produtos da fissão Cinza
nuclear Plutónio no ambiente Envenenamento radioativo Rádio no ambiente Urânio
no ambiente
Trash bin.png Outros tipos de Poluição
Poluição luminosa Poluição sonora Radiação
electromagnética Poluição visual
v • e
Muitas espécies marinhas de grande valor comercial e
alimentício já mostram acentuadas modificações regionais em suas populações por
virtude de efeitos do aquecimento global, e outras sofrem redistribuição
geográfica, movendo-se para latitudes mais altas e águas mais
profundas.[267][268][269][270] Acrescentando-se a isso o aumento da poluição
marítima por outros contaminantes antrópicos, como o lixo marinho, os
agrotóxicos e os fertilizantes, descarregados no mar pelos rios e pelas chuvas,
espera-se que as mudanças sejam severas e venham a afetar virtualmente toda a
vida marinha no longo prazo.[252][256][260][271][272]
Todos esses efeitos são agravados pela pesca
excessiva. Cerca de 50% de todas as espécies de valor comercial já estão com
suas populações no limite máximo de exploração, e cerca de 30% delas, incluindo
a maioria das dez mais importantes, estão superexploradas e em declínio rápido,
devendo estar completamente esgotadas em meados do século XXI se o declínio não
for revertido.[273] Por causa dos impactos combinados os oceanos estão sob o
grave risco de sofrerem uma extinção em massa e se tornarem ambientes muito
simplificados, com uma diversidade biológica extremamente reduzida, composta em
sua grande maioria de seres microscópicos e de pequeno
tamanho.[274][275][118][255] Em 2008 haviam sido identificadas mais de 400 "zonas
mortas" em mares de todo o mundo.[271] Desde a década de 1960 o seu número
tem duplicado a cada dez anos, e prevê-se que o aparecimento de novas se
acelere.[255]
Poluição e outros efeito
Poluição e outros efeitos
Ver artigo principal: Poluição marinha, Acidificação
oceânica, Desoxigenação oceânica, Declínio das populações de peixes marinhos
Alteração do pH (índice de acidez) na superfície
oceânica devido ao aumento de CO2 entre 1700 e 1990. As zonas amarelas e
vermelhas mostram onde a acidificação foi mais intensa.
Em experimentos laboratoriais a concha do pterópode
Limacina helicina dissolveu-se em 45 dias em condições de acidez marítima
previstas para o ano 2100.
Animais mortos por desoxigenação no fundo do mar
Báltico, 2006.
Já se sabe também que os gases atmosféricos em
alteração estão mudando a composição química dos oceanos, já que os gases se
dissolvem nas águas a partir da atmosfera e voltam para o ar em um processo
ininterrupto de intercâmbio e equilíbrio mútuo. Todos os ecossistemas marinhos
dependem fortemente das condições do mar próximas da superfície, entre outros
motivos, porque ali se realiza a maior parte da oxigenação da água e ali
principalmente viceja o plâncton, que está na base das cadeias alimentares
marinhas, e nesta camada superficial as águas são mais sujeitas à influência da
atmosfera. O efeito é potencializado pelo aumento das temperaturas oceânicas e
está relacionado a muitos outros efeitos secundários físicos e biológicos que
por sua vez influem de volta sobre a atmosfera, sendo importantes reguladores
naturais do clima. Os oceanos são os maiores sequestradores de CO2 atmosférico.
Esta impregnação excessiva das águas pelo gás carbônico constitui uma forma de
poluição química.[252][253]
A elevação da concentração de CO2 nos mares fez com
que as águas se tornassem 26% mais ácidas do que eram no período
pré-industrial.[192] Este fenômeno é especialmente daninho para os animais que
utilizam sais de cálcio para construir suas conchas e estruturas corporais,
destacando-se entre eles os corais, os moluscos e crustáceos, bem como muitas
espécies de plâncton, que têm essas estruturas dissolvidas ou malformadas pela
elevada acidez da água.[254][255] Segundo estudo publicado pela Royal Society,
mesmo que a poluição química dos mares cesse imediatamente, a acidificação
precisará de milênios para ser revertida por processos naturais, e não foi
provado que o homem poderá revertê-la artificialmente.[256] Paralelamente,
baixaram as concentrações de O2 (oxigênio), que é essencial para a preservação
da vida.[252] O conhecimento científico sobre as interações gasosas entre o ar
e o mar ainda precisa ser aprofundado, mas vários estudos referem que deve haver
mudanças biológicas em larga escala nos seres marinhos. Observações mais
pontuais já indicaram que o metabolismo de vários grupos de criaturas aquáticas
já foi afetado em alguma medida em várias regiões oceânicas, desde o plâncton,
passando por corais e moluscos de concha, até grandes peixes, fazendo com que
apresentem distúrbios de comportamento e de crescimento, ou diminuam suas
populações, seja em função da acidez, da desoxigenação, da combinação de ambas
e/ou da influência de outros agravantes, como os despejos de lixo e
esgotos.[252][257][256][258][259][260]
Já existem vários indícios de que a salinidade está
diminuindo em vários mares do mundo, com impacto potencial mas indeterminado
sobre a bioquímica marinha. Embora as evidências não sejam suficientes para
indicar uma causa com segurança, parece provável a influência das mudanças
climáticas globais, especialmente através do degelo de glaciares e banquisas
polares e mudanças nas chuvas e na umidade atmosférica.[261]
A combinação de aquecimento, mudança na salinidade,
derretimento dos gelos e elevação do nível do mar também modifica a circulação
termoalina, as correntes marinhas e a estratificação das camadas de água.[262]
A Corrente do Atlântico Norte, por exemplo, aparentemente está enfraquecendo à
medida que a temperatura média global aumenta. Isso significa que áreas como a
Escandinávia e a Inglaterra, que são aquecidas pela corrente, poderão
apresentar climas mais frios a despeito do aumento do aquecimento global.
Evidências recentes mostram em alguns lugares, como na área entre as Ilhas
Canárias e a Flórida, uma redução de 25% a 30% na velocidade média e mudanças
anuais súbitas e irregulares na Circulação do Atlântico Meridional, parte do
sistema de circulação termoalina global, o que tende a fortalecer os furacões
no Atlântico e pode elevar em até 13 cm o nível do mar na costa norte-americana
ao norte de Nova Iorque.[263] Os giros do Pacífico Norte e do Pacífico Sul
parecem ter se expandido e reforçado desde 1993, e a Corrente Circumpolar Antártica
parece ter se deslocado cerca de 1º de latitude para o sul desde 1950, o que
corresponde a cerca de 110 km.[13] Mudanças nas correntes marinhas e na
estratificação também afetam a biodiversidade de várias maneiras importantes,
modificando os padrões de oxigenação das águas e de trocas térmicas entre as
camadas de água e entre o mar e o ar, alterando rotas de migração e os ciclos
reprodutivos e interferindo na oferta de alimento, fatores que levam ao
declínio das populações ou à sua redistribuição geográfica, e por fim
repercutem negativamente sobre os interesses humanos.[264][265][266]
Estrada destruída pela erosão costeira na Baía Palliser, na Nova Zelândia.
Estrada destruída pela erosão costeira na Baía
Palliser, na Nova Zelândia.
A elevação do nível do mar também afetará os
ecossistemas costeiros, causando sua degradação ou erradicação, com perdas ou
modificações importantes na biodiversidade.[136][219][232] Outro efeito direto
é a erosão costeira, provocando o recuo da linha de areia nas praias, mudanças
no perfil dos litorais e destruição de infra-estruturas litorâneas construídas
pelo homem, como barragens, estradas e habitações, além de prejudicar o lazer,
o turismo e outras atividades econômicas e sociais.[233][234] Ao mesmo tempo,
os aquíferos costeiros subterrâneos de água doce tendem a ser invadidos por
água salgada, diminuindo a oferta de água potável para as populações humanas,
gerando por extensão problemas de saúde e inquietação social.[235]
O aquecimento da água, além de causar a elevação do
nível do mar, produz por si só vários outros efeitos negativos. Altera as
correntes marinhas, a salinidade, os níveis de oxigênio e de evaporação,
modifica a estratificação das camadas de água, e acelera as taxas de
derretimento do gelo flutuante, com variados efeitos secundários sobre a
biologia marinha e o clima de todo o planeta.[236] As reações químicas do
metabolismo animal e vegetal são diretamente influenciadas pela temperatura do
meio em que vivem. O aquecimento das águas provoca também um maior consumo de
oxigênio, torna as espécies mais vulneráveis a malformações congênitas e doenças,
altera os padrões e ritmos de crescimento e os ciclos de reprodução, e
interfere na oferta de alimentos.[237][238][239][240][241]
Curva que mostra a relação entre a pressão e a
temperatura na liberação do metano.
Um outro efeito do aquecimento da água, que até
recentemente era desconhecido, é a liberação de metano estocado em sedimentos
depositados no fundo do oceano, sob a forma de hidratos de metano (ou
clatratos), que resultam da sua combinação com as moléculas de água em
condições de baixa temperatura e/ou alta pressão, como as que ocorrem nas
regiões frias ou em águas profundas. Nesta combinação, o metano não representa
ameaça ambiental. Contudo, o atual aquecimento do oceano cria as condições
ideais para que esta combinação seja desfeita nas águas rasas e o metano escape
para a atmosfera, circunstância que tem sido chamada de "detonação da
bomba de clatratos".[242][243][244][245][246] O grande problema é que a
quantidade de gás estocado desta forma é imensa, calculada em até cerca de dez
mil gigatoneladas (dez trilhões de toneladas), uma quantidade maior do que
todas as reservas conhecidas de combustíveis fósseis juntas.[247] Além disso, o
metano é até 36 vezes mais potente do que o gás carbônico em sua capacidade de
aumentar o efeito estufa.[248] Em condições normais, cerca de 90% do metano
liberado de águas profundas é oxidado em seu caminho até a superfície e perde
seu potencial de ameaça térmica, mas por outro lado contribui para a maior
acidificação e desoxigenação da água. Em águas rasas, como as que cobrem a
parte ocidental da plataforma continental da Sibéria, sua emergência não sofre
neutralização significativa e o metano acaba escapando para a atmosfera. Esta e
outras zonas de pouca profundidade são sujeitas a terremotos, aumentando o risco
de exposição direta de grandes quantidades de
metano.[242][243][247][249][250][245] Segundo Archer, "existe na Terra
tanto metano na forma de hidratos que parece o ingrediente perfeito para um
cenário apocalíptico. [...] O reservatório de hidratos de metano tem o
potencial de aquecer o clima da Terra até um estado semelhante ao da 'estufa do
Eoceno' num intervalo de poucos anos. O potencial para uma devastação
planetária colocado pelo reservatório de hidratos de metano parece, portanto,
comparável à destrutividade de um inverno nuclear ou de um impacto de um
meteorito".[243] Apesar do entendimento desses mecanismos ainda ser
incompleto e haver controvérsia, a maioria dos estudos não considera provável
uma liberação massiva de metano a partir dos hidratos dentro dos próximos
séculos, embora admitam que alguma quantidade, ainda incerta, deva ser
efetivamente liberada neste período. Se a mudança climática levar a uma grande
elevação das temperaturas, contudo, a longo prazo este metano pode vir a ser
liberado em vastas quantidades.[251]
Bairro de New Orleans, nos Estados Unidos, com casas com água até o teto após a passagem do furacão Katrina.
Bairro de New Orleans, nos Estados Unidos, com casas
com água até o teto após a passagem do furacão Katrina.
Já existem vários projetos destinados a obras de
adaptação e a conter a subida do mar em alguns locais críticos, construindo-se
canais, comportas, diques, ilhas artificiais, muros, estruturas flutuantes,
terraços e outros métodos, como o reflorestamento costeiro e fixação de dunas.
Os Países Baixos, que possuem grande parte de seu território muitos metros
abaixo do nível do mar e construíram um eficiente sistema de grandes diques
para protegê-lo, são frequentemente apontados como um modelo bem sucedido de
ação. Mas os custos de erguer e manter obras desse tipo são
altíssimos.[224][222] Os novos diques para proteção apenas da cidade de Veneza,
por exemplo, custaram mais de 5 bilhões de euros.[225] Os planos para proteção
de Nova Iorque têm um custo calculado em cerca de 20 bilhões de dólares.[226]
Também é questionada a eficiência dessas proteções em situações extremas,
quando seriam especialmente importantes, e cita-se como exemplo o caso de Nova
Orleans, cujos sólidos e bem conservados diques de proteção foram rompidos pelo
furacão Katrina, alagando vários bairros da cidade com metros de água.[224]
Miami já gastou cerca de 100 milhões de dólares em proteção, no futuro próximo
deve gastar mais algumas centenas de milhões, e mesmo assim, em função do
terreno permeável onde se assenta, seu destino é incerto.[227][228] Tais obras
geralmente desencadeiam impactos ambientais sérios pela escala monumental das
intervenções na geografia e nos ecossistemas litorâneos, baixam o valor das
propriedades costeiras e limitam seu uso recreativo. O muralhamento costeiro em
escala mundial, por sua vez, além de ser em si mesmo indesejável, seria
impraticável, especialmente se as previsões mais pessimistas se confirmarem.
Assim, para muitos cientistas e administradores, tentar conter o avanço do mar
na maior parte dos casos já mostrou ser uma batalha perdida, produzindo apenas
benefícios efêmeros e ilusórios, valendo mais a pena iniciar uma retirada
estratégica para o interior em larga escala em uma perspectiva de longo prazo,
a qual, para ser bem sucedida, deve ser feita com muito planejamento. Porém, o
tempo para isso está diminuindo, enquanto que a ameaça está
aumentando.[218][219][220][222][229][230][231]
00 mil quilômetros quadrados de terra ficariam debaixo d'água
mais de 375 milhões de pessoas em todo o mundo terão
de se mudar por terem suas terras inundadas. No Brasil, mais de 100 mil
quilômetros quadrados de terra ficariam debaixo d'água, e mais de 11 milhões de
pessoas seriam desalojadas.[214][215]
Mesmo nos cenários mais otimistas os impactos sobre
o homem serão seguramente vastos.[207][216][217][218] Muitas ilhas e regiões
litorâneas baixas, onde se concentra uma parte expressiva da população mundial
e onde hoje florescem muitas megacidades, como Hong Kong, Nova Iorque, Rio de
Janeiro, Buenos Aires, serão inundadas em graus variáveis, o que causará perdas
materiais e culturais incalculáveis e provocará migrações em massa para regiões
mais elevadas, gerando novos transtornos e despesas em larga
escala.[136][83][219][220] Pelo menos oito megacidades litorâneas são
construídas sobre terrenos frágeis que estão afundando, aumentando ainda mais a
rapidez do processo de inundação.[218][221] Um estudo avaliou os custos para os
Estados Unidos de uma elevação de um metro no nível do mar: isso inundaria até
30 mil km² de costas, e cada proprietário de terreno habitacional típico junto
à costa deveria gastar de mil a dois mil dólares em medidas de contenção das
águas. No total, junto com outros custos, seriam gastos de 270 a 475 bilhões de
dólares. Isso poderia ser viável economicamente, mas o estudo concluiu que as
perturbações ambientais que a movimentação e alteração maciça do terreno
costeiro causariam poderiam ser inaceitáveis.[222] Outra pesquisa, analisando o
caso do Senegal, calculou que a elevação de um metro significaria a inundação
de 6 mil km² de terra da região mais populosa do país, provocando um êxodo de
até 180 mil pessoas e danos a propriedades que chegariam a 700 milhões de
dólares, o que equivalia, na data do estudo, a 17% do PIB nacional.[223]
Colapso da banquisa antártica Larsen B em 2002
Colapso da banquisa antártica Larsen B em 2002,
relacionado ao aquecimento global. O gelo cobria uma área de c. 3.250 km².[200]
O contorno do estado de Rhode Island, nos Estados Unidos, foi sobreposto para
comparação.
Perda de terra firme na costa da Louisiana entre
1932 e 2011.
Os modelos utilizados pelo IPCC dão resultados
bastante divergentes, mas todos apontam para uma elevação que até 2100 deve
ficar entre 26 e 98 centímetros, e é virtualmente certo que a elevação
continuará depois de 2100. Essa continuidade é inevitável porque o calor que
penetra no oceano leva muito tempo para chegar às zonas profundas e exercer seu
efeito expansivo sobre toda a coluna de água. Ao mesmo tempo, os gelos devem
continuar derretendo até que se atinja um novo patamar estável nas médias
globais de temperatura.[197][83] Projeções independentes indicam níveis bem
maiores do que 98 cm. Se o gelo polar derreter significativamente, isso
acarretaria um grande aumento do nível das águas oceânicas. O IPCC calcula que
se todo o gelo da Groelândia derreter o nível do mar se elevaria em até 7
metros.[83] No entanto, em geral não se espera um derretimento em tal proporção
ao longo do século XXI, embora o recuo dos gelos esteja ocorrendo
inequivocamente em virtualmente todas as regiões geladas do mundo, e esteja
acelerando.[201][202][203] Avaliações realizadas nos últimos anos provaram que
a capa de gelo da Groelândia é muito mais instável do que se imaginava, e a
velocidade do seu derretimento aumentou em cerca de cinco vezes desde 1990. Na
Antártida essa velocidade duplicou nos últimos 15 anos.[204] Outros estudos
recentes apontam que várias grandes regiões da Antártida estão dando crescentes
sinais de instabilidade, e podem num prazo de 200 a 500 anos acrescentar vários
metros ao nível do mar.[205][206][207] Um estudo de 2011 realizado pela NASA
confirmou que o derretimento dos gelos polares está acontecendo muito mais
rápido do que as projeções teóricas, e três vezes mais rápido do que a taxa
registrada nos glaciares de montanha.[208][209] Isso é confirmado também por
medições do nível do mar realizas em 2015 através de metodologias novas que não
foram utilizadas pelo IPCC, e que apontam para uma aceleração no ritmo de
elevação das águas.[210]
Efeitos sobre o mar
Efeitos sobre o mar
Aquecimento das águas e elevação do nível do mar
Ver artigo principal: Subida do nível do mar,
Aquecimento oceânico
Mapa indicando as variações regionais no nível do
mar entre 1993 e 2010
Elevação recente do nível médio dos oceanos.
Gráfico mostrando a taxa de aquecimento médio dos
oceanos entre 1957 e 2013. O gráfico aponta para uma aceleração na taxa de
aquecimento no período mais recente.
Uma outra causa de grande preocupação é a subida do
nível do mar. Entre 1901 e 2010 o nível médio do mar subiu cerca de 19
centímetros, com uma faixa de variação entre 17 e 21 cm. A elevação está
acelerando. Entre 1901 e 2010 o nível subiu cerca de 1,7 milímetros por ano
[variação de 1,5 a 1,9 mm], 2,0 mm por ano [variação de 1,7 a 2,3 mm] entre
1971 e 2010, e 3,2 mm por ano [variação de 2,8 a 3,6 mm] entre 1993 e
2010.[192] O nível dos mares é sujeito a muitas variáveis naturais e, ao
contrário do que se poderia imaginar, é bastante desigual nas diferentes
regiões oceânicas. Foi preciso ter em conta muitos fatores para se chegar a uma
estimativa do aumento do nível do mar e o cálculo que levou à conclusão não foi
simples de fazer, porque este nível é influenciado pela constante movimentação
natural da crosta terrestre, que eleva algumas regiões enquanto outras
afundam.[193][194][195]
O aquecimento global provoca subida dos mares
através de dois fatores principais: o primeiro é a expansão térmica das águas,
um mecanismo pelo qual as águas se expandem ao aquecer, ocupando maior volume.
Os oceanos absorvem cerca de 90% do calor gerado pelo efeito estufa, e por isso
aquecem e se expandem.[196] Segundo informa o IPCC, calcula-se que a expansão
térmica contribua atualmente com pelo menos 0,4 (±0,1) mm de elevação
anual.[83] A expansão térmica da água tem sido responsável até agora por cerca
de 40% da elevação total, mas essa proporção poderá mudar futuramente com a
variação da contribuição do derretimento dos gelos.[197] Um estudo de 2012 de
Levitus et al. encontrou que se todo o calor armazenado nos oceanos desde 1995
fosse liberado de uma só vez para a atmosfera inferior (10 km), esta camada
teria sua temperatura elevada em 36 °C. Isso não vai ocorrer desta maneira, mas
dá uma medida do grande papel dos mares na dinâmica da temperatura mundial, e
evidencia o quanto eles têm retardado o aumento do aquecimento atmosférico
geral. Porém, este importante armazenamento de calor tem gerado efeitos
negativos de grande amplitude para a vida marinha. O aquecimento tem sido
observado de forma consistente em todas as bacias oceânicas do mundo, mesmo
levando em conta a variabilidade regional ou multidecadal que ocorre
naturalmente, como o fenômeno do El Niño e a Oscilação do Atlântico Norte.[198]
O segundo fator importante é o derretimento das
calotas polares e dos glaciares de montanha, que acrescenta água líquida aos
mares.[83] As perdas totais de gelo mundial entre 2005 e 2009 foram calculadas
pelo 5º Relatório do IPCC em 301 gigatoneladas por ano em média. As perdas vão
continuar grandes no futuro próximo mesmo se as temperaturas se estabilizarem
imediatamente. Não há garantia de que a tendência será reversível.[13] Dados da
NASA revelam que o gelo perdido nas geleiras e calotas polares entre 2003 e
2010 totalizou cerca de 4,3 trilhões de toneladas, adicionando cerca de 12
milímetros ao nível do mar.[199]
continuacao
têm sido contraditórios. Alguns apontam um
significativo aumento na produtividade, outros indicam um aumento que depois é
revertido, e outros ainda apontam para um declínio.[179][180][181][182][183]
Por exemplo, um estudo que avaliou 47 hot-spots de florestas tropicais de
altitude em todo o mundo, indicou que a produtividade vegetal era ascendente
até meados dos anos 90, quando a tendência se inverteu de repente, sendo desde
lá registrada a diminuição na sua atividade fotossintética e no total da
biomassa produzida. Acredita-se que o fator limitante tenha sido a precipitação
reduzida que acompanhou a elevação de temperatura.[184][185] Os estudos que
indicam aumento da produtividade por causa do aumento do CO2, embora
autênticos, são feitos em geral em ambiente laboratorial controlado, analisando
o efeito isolado do gás sobre as plantas,[186][187] mas na natureza os fatores
não podem ser tomados isoladamente, havendo sempre múltiplas interações que
ainda não foram bem consideradas, de modo que os efeitos positivos da elevação
de CO2 são duvidosos.[179][183][186][187][188] Pesquisas feitas em condições
mais próximas do ambiente natural atestam um índice de produtividade 50% menor
do que o acusado em ambientes controlados.[187] Outros trabalhos analisaram a
produtividade de gramíneas consumidas por bovinos no Brasil e nos Estados
Unidos, revelando que a produtividade aumentou, mas sua qualidade nutricional
baixou, as folhas se tornaram mais fibrosas e continham mais componentes
indigeríveis para os animais. Previu-se que os animais terão tendência a
desenvolver menor tamanho e menos peso e serão necessários mais investimentos
para compensar as perdas.[189][190] Mesmo existindo alguns efeitos positivos, a
quantidade e gravidade dos efeitos negativos em outros domínios os torna, no
balanço geral, irrelevantes.[176][179][180][183][186][187][191]
Esses efeitos se combinam e reforçam mutuamente, e têm um grande impacto no atual ritmo
Esses efeitos se combinam e reforçam mutuamente, e
têm um grande impacto no atual ritmo de extinções; de fato o aquecimento está
entre as principais causas do declínio recente da biodiversidade, e vem
ganhando crescente importância relativa no total.[164][165][145] O progressivo
declínio faz com que as cadeias alimentares se rompam, o ciclo dos componentes
inorgânicos se perturbe, e o processo entrópico se auto-reforce. Além de certo
ponto, os ecossistemas tendem a entrar em colapso irreversível.[136][166] Um
estudo prevê que 18% a 35% de 1103 espécies de plantas e animais observadas
serão extintas até 2050, baseado nas projeções do clima no futuro.[167] Outro
estudo indica que 34% dos animais e 57% das plantas do mundo devem perder cerca
de metade de seus habitats até 2080 em virtude do aquecimento.[168] A IUCN
indica que um aquecimento em níveis elevados, acima de 3,5 °C, causará um
empobrecimento generalizado na biodiversidade terrestre, com uma extinção
provável de até 70% de todas as espécies conhecidas.[169] Algumas projeções
admitem um aquecimento de até 6 ºC. Segundo a pesquisadora Rachel Warren, da
Universidade de East Anglia, "a mudança climática reduzirá em muito a
biodiversidade, mesmo para animais e plantas comuns".[168] Muitos outros
estudiosos afirmam que as perdas em biodiversidade devem ser
extensas.[170][171][172][173] Analisando volumosa bibliografia recente o IPCC
em seu 5º Relatório admitiu pela primeira vez "com alto grau de
confiança" a extinção de "significativo" número de espécies se a
temperatura subir mais do que 2 °C, e se subir a 4 °C o número de extinções
deve ser "extenso", apontando que isso deve produzir efeitos
negativos para o homem em larga escala.[174] Além disso, as perdas de
ecossistemas e biodiversidade contribuem para aumentar o aquecimento global
pela liberação para a atmosfera de grandes quantidades de carbono estocado nas
formas vivas e pelas mudanças que induzem no equilíbrio entre biomassa e
energia.[175]
O mapa à esquerda mostra a distribuição média do CO2
em 2011. Note-se como há grande variação regional. Os dois mapas pequenos à
direita mostram as variações sazonais. O gráfico abaixo mostra a curva de
elevação da concentração do CO2 atmosférico.
Ao mesmo tempo, são
previstos alguns benefícios menores para as regiões temperadas, como a provável
redução no número de mortes devido à exposição ao frio.[22] Outro efeito
positivo possível deriva do fato de que aumentos de temperaturas e aumento de
concentrações de CO2 podem aprimorar a produtividade de certos ecossistemas, já
que o CO2 estimula a fotossíntese, o crescimento vegetal e o melhor
aproveitamento da água pelas plantas.[176][177][178] Mas os resultados das pesquisas
sobre este aspecto por exemplo o aumento nos níveis de aerossóis antrópicos, o aumento na umidade troposférica e as imprevisíveis emissões por vulcanismo, e teoriza-se que possam sofrer influências tão distantes quanto dos raios cósmicos, que poderiam ser capazes de afetar a formação dos núcleos primários de condensação das gotículas da chuva. Efeitos combinados de mudanças no tipo ou quantidade de nuvens, maior umidade e temperatura também devem afetar a produção de precursores biológicos do ozônio atmosférico, mas todo o papel das nuvens em relação ao aquecimento ainda é incerto e pouco compreendido.[36][143]
por exemplo o aumento nos níveis de aerossóis
antrópicos, o aumento na umidade troposférica e as imprevisíveis emissões por
vulcanismo, e teoriza-se que possam sofrer influências tão distantes quanto dos
raios cósmicos, que poderiam ser capazes de afetar a formação dos núcleos
primários de condensação das gotículas da chuva. Efeitos combinados de mudanças
no tipo ou quantidade de nuvens, maior umidade e temperatura também devem
afetar a produção de precursores biológicos do ozônio atmosférico, mas todo o
papel das nuvens em relação ao aquecimento ainda é incerto e pouco
compreendido.[36][143]
Ecossistemas e biodiversidade
Ver artigo principal: Declínio contemporâneo da
biodiversidade mundial, Desmatamento, Poluição atmosférica, Desertificação
Projeção do aquecimento global até meados do século
XXI
O aumento da temperatura global, junto com seus
efeitos secundários (diminuição da cobertura de gelo, subida do nível do mar,
mudanças dos padrões climáticos, etc), provocam importantes alterações nas
condições que mantém estáveis os ecossistemas, influindo negativamente, por
extensão, nas atividades humanas.[16] Uma consequência abrangente do
aquecimento é a "contração latitudinal", na qual as zonas climáticas
tendem a se deslocar em direção aos polos e às altitudes mais elevadas. Este
fenômeno já tem sido observado há algumas décadas, e tem impacto grave na
estabilidade dos ecossistemas.[35][34][16][36][144][145]
A mudança nas zonas climáticas provoca em todas as
regiões um desarranjo no ciclo das estações. No Hemisfério Norte a primavera
tem chegado de seis a dez dias mais cedo do que o fazia na década de 1950. Os
eventos associados à chegada são, por exemplo, a data da última geada de
inverno e o aparecimento dos primeiros brotos novos nas plantas depois do
período de perda das folhas. Da mesma forma, os eventos associados à chegada do
outono têm sofrido atraso de cerca de seis dias. O degelo antecipado das neves tem
causado inundações, e o maior calor tem ressecado mais os solos, de modo que no
fim do verão os estoques de água se tornam mais escassos e têm ocorrido mais
incêndios florestais. Nas regiões de tundra os rios têm degelado mais cedo e
alguns já não congelam completamente, e a área coberta por neve reduziu
significativamente nas últimas décadas.[146][147] Essas mudanças têm gerado
efeitos variados sobre a biodiversidade. A disponibilidade de alimento e os
ciclos de reprodução e crescimento dos animais e plantas estão intimamente
ligados às estações e aos parâmetros do clima. As aves, por exemplo, podem se
ajustar com alguma facilidade às mudanças nas estações voando para regiões onde
as condições são adequadas para a época de nascimento dos filhotes, mas nos
novos locais a oferta de alimento não é a mesma que em suas regiões originais,
e o período de sua maior abundância nem sempre coincide com o período de
alimentação das ninhadas.[147] O degelo antecipado dos rios interfere de
maneira semelhante nos ciclos reprodutivos de espécies aquáticas e no das que
dependem delas para sua própria alimentação, como aves e mamíferos.[147] Todas
as espécies devem ser prejudicadas em alguma medida, mas as espécies das zonas
tropicais e equatoriais são especialmente vulneráveis porque de modo geral têm
baixa tolerância a mudanças duradouras nos padrões de temperatura e, por
conseguinte, baixa capacidade adaptativa, habituadas a viver em zonas cujo
clima normalmente pouco varia ao longo do ano.[148][149] Também são sensíveis
espécies que já estão ameaçadas ou são raras, as migratórias, as polares,
montanhosas e insulares, as geneticamente empobrecidas e as muito
especializadas.[145]
Algumas espécies podem ser obrigadas a migrar até
mil quilômetros ou mais em questão de décadas a fim de encontrar zonas em que o
clima seja semelhante ao da sua região original. Poucas espécies terrestres
não-voadoras terão capacidade de mobilização tão ampla em tão exíguo intervalo
de tempo, especialmente as plantas, cujos indivíduos são imóveis e cujas
espécies só migram através da dispersão de sementes. A capacidade de
mobilização das plantas é consideravelmente inferior à atual velocidade das
mudanças ambientais, e os problemas aumentam porque elas são a base das cadeias
alimentares e oferecem locais de descanso, nidificação e abrigo para inúmeras
outras espécies. Mesmo que as espécies possuam uma capacidade intrínseca de
migração rápida, em grande parte dos casos ela não ocorrerá porque os
ecossistemas mundiais foram largamente fragmentados e muitos corredores
ecológicos até as zonas mais favoráveis desapareceram pela própria mudança no
clima ou pelo desmatamento, urbanização e outras intervenções humanas,
condenando irremediavelmente as espécies que ficaram ilhadas ao declínio ou
eventual extinção.[150][151] Quando chegam a ocorrer, as migrações tornam as
espécies migrantes invasoras de ecossistemas diferentes, entrando em competição
com as espécies nativas, podendo levar estas últimas a um declínio populacional
ou extinção, mas nem sempre as invasoras se adaptam bem aos novos ambientes e
podem da mesma maneira desaparecer. Uma vasta redistribuição geográfica da
biodiversidade está ora em andamento por força do aquecimento global.[152][145]
Declínio na quantidade de gelo flutuante no oceano
Ártico entre 2012 e 1984
O degelo do permafrost abalou as fundações desta
casa na Sibéria.
Na região do Ártico, a que está aquecendo mais
rápido,[36] com os últimos anos batendo recordes de temperatura,[153] já foi
observada uma migração de espécies exóticas arbóreas e arbustivas perenes para
uma faixa de 4ª a 7º de latitude em direção ao norte nos últimos 30 anos,
equivalendo a 9 milhões de km², invadindo sistemas de tundra e redefinindo as
características e a biodiversidade de toda essa região. Dos 26 milhões de km²
de área vegetada do Ártico, de 32% a 39% já sofreram um aumento nos índices de
crescimento de vegetais no mesmo período. Prevê-se que uma faixa adicional de
20º possa ser invadida até o fim do século por causa do aquecimento global, se
a tendência continuar.[34][154][36][144][155] O maior calor no Ártico também
tem aumentado o número e a gravidade dos incêndios na tundra e nas florestas
boreais, que lançam grandes quantidades de gases estufa na atmosfera, destroem
ecossistemas e derretem o permafrost, o solo permanentemente congelado que
existe em vastas áreas do Hemisfério Norte (e também, em menor extensão, no
Sul).[156] Entre as décadas de 1950 e 1990 a espessura do gelo flutuante do
oceano Ártico diminuiu em média de 1 a 3 metros, desde a década de 1970 a
dimensão da sua área (km²) no período de verão diminui em média de 3 a 4% por
década, e desde 2002, com a exceção de quatro anos, em todos os anos a redução
anual na área têm batido o recorde do ano anterior. Muitas espécies dependem
deste gelo flutuante para sua sobrevivência, como as morsas, as focas e os
ursos-polares.[157] O derretimento da camada superficial do gelo continental da
Groelândia no verão também se acelera e em 2016 seus níveis se aproximam do
recorde de 2012.[158][153]
Outro efeito preocupante nas regiões frias é o
derretimento do permafrost. Cerca de 24% do solo exposto do Hemisfério Norte é
de permafrost, que pode chegar a uma profundidade de até 700 m.[13] Este solo
preserva grandes quantidades de carbono fixado na matéria orgânica,
principalmente nas formas de gás carbônico e metano, até agora congelados e
inertes. Calcula-se que haja de 1.400 a 1.850 gigatoneladas de carbono
estocadas no permafrost global, concentradas, ao que parece, especialmente em
seus 3 metros superficiais, exatamente onde fica mais exposto às variações do
clima. A liberação de todo esse gás congelado para a atmosfera amplificaria o
efeito estufa de maneira dramática, adicionando cerca de duas vezes mais
carbono do que o encontrado na atmosfera atualmente, que está em torno de 850
gigatoneladas.[159][72] Em várias regiões já está sendo observado um rápido
derretimento, que vem acelerando nos últimos anos.[160][161] Outros efeitos do
derretimento são estruturais. Este solo congelado é frágil, é facilmente
degradado pela erosão e pela intervenção humana, está sempre em movimento
naturalmente, seja pela expansão do gelo subterrâneo no inverno, seja pelos
derretimentos superficiais no verão, quando fica encharcado e fluido, e sua
conservação está ligada a muitas variáveis. De firmeza sempre um tanto
precária, o derretimento mais acelerado dos solos permafrost pode ter um
impacto importante nas regiões onde há estruturas humanas construídas sobre
ele, como oleodutos, estradas, represas, linhas de transmissão energética e
cidades, como evidenciam diversos exemplos de desabamentos já ocorridos. Entre
os impactos ecossistêmicos previstos do derretimento do permafrost estão a
redistribuição e declínio de espécies, intensificação de incêndios florestais,
alterações nos sistemas hidrológicos, assoreamento e secura de rios e lagos e
erosão de suas margens.[162][163]
Consequências Clima
trazendo análises novas sobre dados antes não
computados, que ampliaram consideravelmente o entendimento do fenômeno. Em
essência, os resultados do novo documento aumentaram o nível de certeza sobre a
origem humana do problema, confirmaram as tendências climáticas assinaladas nos
relatórios anteriores e a gravidade das perspectivas futuras, e alertaram que
os riscos da inação se tornam a cada dia maiores.[118][119][120][121] No
prefácio da publicação, o secretário-geral da OMM e o diretor-executivo do
PNUMA fizeram uma declaração conjunta, dizendo:
"O relatório confirma que o aquecimento do
sistema climático é inequívoco, e muitas das mudanças observadas não têm
precedentes no intervalo entre as últimas décadas e milênios atrás: o
aquecimento da atmosfera e do oceano, a redução da neve e do gelo, a elevação
do nível do mar e a crescente concentração de gases estufa. Cada uma das
últimas três décadas foi mais quente que qualquer outra década desde 1850.
[...] A mudança climática é um desafio de longa duração, que requer ação
urgente devido à velocidade e escala com que os gases estufa estão se
acumulando na atmosfera, e devido aos riscos envolvidos em uma elevação de
temperatura superior a 2 ºC. Hoje precisamos estar focados no essencial e na
ação, senão os riscos se tornarão maiores a cada ano".[122]
Para Suzana Kahn Ribeiro, que fez parte do grupo de
pesquisadores brasileiros que colaboram com o IPCC, "o grande ganho (do
novo relatório) é a comprovação do que tem sido dito há mais tempo, com muito
mais informação sobre o papel dos oceanos, das nuvens e aerossóis".[123]
Mercedes Bustamante, uma das coordenadoras do Grupo de Trabalho III, sobre a
mitigação, aponta que também houve mudanças importantes em relação ao relatório
anterior no sentido de unir o estudo do uso da terra e das florestas com o da
agricultura, em vista da maior atenção que vem sendo dada à relação entre
conservação da natureza e segurança alimentar.[124]
Consequências
Clima
Projeção das mudanças no regime anual de chuvas até
o fim do século XXI. As zonas mais azuis devem receber mais chuvas, e as mais
alaranjadas devem experimentar a maior redução. O mapa mostra que praticamente
toda a área de produção agropecuária do Brasil, e grandes biomas úmidos que
dependem vitalmente de água e chuva abundantes, como o Pantanal e a Mata
Atlântica, estão sob ameaça de tornarem significativamente mais secos. Outros
que naturalmente têm menos precipitação, como o Cerrado e a Caatinga, também
devem ter seu equilíbrio afetado negativamente. A Caatinga, que é naturalmente
a região mais seca do Brasil, poderá receber até 50% menos de chuvas nas
projeções mais pessimistas (6 °C de aquecimento). O Pampa, por outro lado,
poderá ter sua precipitação aumentada em até 40%. Em ambos os casos, as
mudanças que isso provocará no equilíbrio dos biomas provavelmente serão
significativas.[125] Vários estudos preveem a savanização de grandes áreas da
Floresta Amazônica e a desertificação de outros ecossistemas brasileiros, com
extensa perda de biodiversidade e impacto
socioeconômico.[126][127][128][129][130][131][132] Portugal todo deve ficar sob
influência semelhante.
O aquecimento da atmosfera aumenta sua capacidade de
reter vapor d'água, bem como aumenta a evaporação das águas superficiais
(oceanos, lagos e rios). Isso tem dois efeitos importantes: em primeiro lugar,
aumenta a quantidade de água disponível na atmosfera, e em certas regiões,
quando essa água em vapor se converte em chuva, tende a chover com mais
intensidade porque há mais água a descarregar. Prevê-se que essa precipitação
aumentada tenha uma distribuição irregular nas diferentes regiões do mundo,
enquanto outras zonas devem experimentar uma redução nas chuvas. Esta
irregularidade é resultado da combinação de vários outros fatores influenciados
pelo aquecimento, como a mudança no regime de ventos, nas correntes oceânicas e
na linha de monções. Uma série de eventos extremos recentes associados ao ciclo
das águas, como chuvas torrenciais, secas recorde e ciclones tropicais
devastadores com pesada precipitação, vem sendo relacionada ao progressivo
aquecimento global. O segundo efeito deriva do fato de que o vapor d'água é um
gás estufa por si mesmo, e de todos o mais importante, porque existe em grande
quantidade na nossa atmosfera naturalmente. Com o aumento do calor, o
aquecimento global se intensifica por um ciclo de auto-reforço: aumenta a
evaporação, mais vapor d'água vai para a atmosfera e o efeito estufa se acentua;
então o calor aumenta ainda mais, aumenta a evaporação e assim
sucessivamente.[13][83][118][30][133][134]
Em função do desequilíbrio hídrico, em algumas
regiões subtropicais está prevista tendência à desertificação, perdendo-se
áreas férteis necessárias às lavouras e diminuindo a superfície coberta por
florestas, de onde o homem obtém madeira e vários outros produtos naturais
valiosos, e que são responsáveis por boa parte da produção de oxigênio e da
redução dos níveis de gás carbônico. Com a diminuição da capacidade da natureza
de reciclar o gás carbônico, o efeito estufa se realimenta. Ao mesmo tempo a
redução nas florestas provoca regionalmente o declínio dos mananciais de água e
das chuvas, criando outro ciclo de auto-reforço para aumento dos danos ambientais.[135][136][83][137][138]
Espera-se que as alterações nas temperaturas, no ciclo da água e no clima em
geral afetem negativamente de múltiplas maneiras a biodiversidade, a
agricultura, a pecuária, a silvicultura e a produção de alimentos.[135][136]
O ciclone Nargis. O aumento da ocorrência ou
intensidade de fenômenos de clima extremo como esses é uma consequência
provável do aquecimento global
Também estão previstas mudanças no padrão dos ventos
e o aumento na frequência e intensidade das tempestades severas e das ondas de
calor extremo. Mesmo os eventos climáticos normais devem sofrer alguma
intensificação, pois todo o sistema do clima está mais quente e úmido. Desde a
década de 1950 a maior parte do mundo tem experimentado ondas de calor mais frequentes
e intensas, e as ondas de frio também podem se agravar sob certas
condições.[13] A intensidade dos furacões ou ciclones tropicais depende numa
relação estreita da quantidade de umidade na atmosfera e do nível de calor na
atmosfera e na água do mar sobre a qual se formam.[13][133] Os ciclones
tropicais são a catástrofe natural que mais causa prejuízos materiais nos
países desenvolvidos, e nos países em desenvolvimento são uma das maiores
causas de fatalidades e ferimentos decorrentes de catástrofes naturais.[139]
Serve de exemplo o ciclone Nargis, que afligiu a Birmânia em 2008: pelo menos
85 mil pessoas morreram, um ano depois cerca 54 mil ainda eram dadas como
desaparecidas (o número exato é controverso e pode ser muito maior; as Nações
Unidas estimaram em mais de 300 mil entre mortos e desaparecidos), 1,5 milhão
foram evacuadas, e um total de 3,2 milhões foram afetadas de diversas maneiras
em torno do delta do rio Irauádi, a região mais atingida, e onde se localiza
Yangon, a principal cidade do país. Cerca de 700 mil moradias foram destruídas,
3/4 das criações de animais pereceram, metade da frota pesqueira afundou, um
milhão de acres de terras cultivadas foram salgadas por uma maré de tempestade
de 3,5 metros que acompanhou o ciclone, os mananciais de água doce foram
salgados e contaminados, e os sobreviventes sofreram com epidemias de febre
tifoide, cólera, disenteria e outras doenças, além de fome, sede e falta de
assistência médica e abrigo.[140][141] A recuperação das nações pobres
atingidas por desastres tão graves às vezes leva anos, só para em pouco tempo
serem sujeitas a novos desastres, muitas delas estando localizadas em áreas
naturalmente propensas a eles, como no sudeste asiático e no Caribe. Com o
crescimento constante da população do mundo e sua progressiva concentração nas
cidades, que frequentemente não conseguem se adaptar a tempo para acompanhar o
inchaço populacional e se tornam por isso particularmente vulneráveis, os
impactos tendem a ser maiores pela maior exposição da população somada à maior
intensidade dos fenômenos destrutivos.[141][142]
Nuvem de poluição sobre Kuala Lumpur. Além de causarem a maior parte do aquecimento global, as emissões gasosas derivadas da combustão de combustíveis fósseis, usados por exemplo em automóveis, indústrias e usinas termoelétricas, são uma das maiores causas da poluição atmosférica.[109]
Nuvem de poluição sobre Kuala Lumpur. Além de
causarem a maior parte do aquecimento global, as emissões gasosas derivadas da
combustão de combustíveis fósseis, usados por exemplo em automóveis, indústrias
e usinas termoelétricas, são uma das maiores causas da poluição
atmosférica.[109]
Nos anos 1970 o tema já estava sendo estudado em
larga escala, multiplicando-se a bibliografia especializada, mas os cientistas
do clima e os ambientalistas ainda não haviam ganhado força política para
colocar suas conclusões nas mesas de negociação dos governos.[103] Um dos
trabalhos mais importantes desta década foi o Relatório Charney, publicado em
1979 pela National Academy of Science dos Estados Unidos, que enfocou
claramente o problema e declarou que "se o dióxido de carbono continuar a
se elevar, não há razão para duvidar que resultarão mudanças climáticas, e não
há razão para acreditar que elas serão desprezíveis".[101] Nos anos 80,
foram feitos outros estudos dos impactos das emissões humanas de gases estufa
em projeções futuras de temperatura. Dois destes trabalhos[110][111] foram
realizados em 1981 e 1988 por James Hansen, da NASA, um dos principais
climatologistas do mundo. Além das limitações da época quanto aos dados e
capacidade computacional disponíveis, havia incertezas quanto à própria
sensibilidade climática, bem como à evolução das emissões humanas de gases
estufa. Mesmo assim, ambos os trabalhos, quando comparados às observações
subsequentes, mostram bastante precisão. O primeiro deles projetou evolução de
temperatura ligeiramente inferior ao observado, e se baseou em cálculos que
incluíam uma sensibilidade climática de 2,8 °C. O segundo, por sua vez, superestimou
o aumento de temperatura, se baseando em uma sensibilidade climática de 4,2 °C.
Tais resultados corroboram o consenso em torno da sensibilidade climática de
cerca de 3 °C.[111][112]
A Conferência de Toronto, realizada em 1986, foi a
primeira a colocar o clima na pauta de debates, contando com a participação de
um grupo de trabalho sobre os gases estufa, mas o grupo não tinha caráter
oficial e não podia impor recomendações e práticas.[103] Em 1988 Hansen
apresentou seus resultados para o Congresso dos Estados Unidos, marcando uma
das primeiras tentativas bem sucedidas da comunidade científica de alertar o
poder público da necessidade de ação para limitar emissões de gases
estufa.[101][113] Sua representação recebeu larga divulgação na imprensa e o
tema se tornou imediatamente popular, mas até a data havia grande cautela entre
os cientistas na associação da elevação da temperatura com as atividades
humanas. Desde então as pesquisas se multiplicaram, e a referida associação
ganhou crescente grau de certeza com a compilação de numerosas evidências
adicionais, embora ao mesmo tempo se levantasse grande polêmica sobre a
confiabilidade dos achados e das previsões.[114][115][101][116]
A partir de 1990 o Painel Intergovernamental sobre
Mudanças Climáticas (IPCC), organizado sob a chancela da Organização
Meteorológica Mundial (OMM) e do Programa das Nações Unidas para o Meio
Ambiente (PNUMA), e coordenando uma equipe científica vasta composta de vários
milhares dos melhores especialistas de todo o mundo, passou a publicar seus
relatórios. O IPCC não produz pesquisa original, mas sintetiza o estado da arte
neste tema.[114][116] O relatório de 1990 já declarou que os gases estufa
emitidos pelo homem já tinham alterado perceptivelmente a temperatura global, e
previu que essas emissões, entre outras consequências, "vão amplificar o
efeito estufa, resultando em média num aumento adicional na temperatura da
superfície terrestre. O principal gás estufa, o vapor d'água, vai aumentar em
resposta ao aquecimento global e fazer com que este também aumente".[117]
Em 2007 veio à luz o Quarto Relatório, confirmando, com muito elevado grau de
confiança, que o homem é responsável pelo aquecimento presente, e detalhando
com profundidade as evidências disponíveis e as condições atuais nos vários
ecossistemas e na vida humana, bem como os impactos potenciais futuros sob
diferentes cenários de emissão, sugerindo adicionalmente formas de combate às
origens e efeitos do problema.[116]
Modelos climáticos
Modelos climáticos
Ver artigo principal: Modelo climático
Um modelo climático é uma representação matemática
de cinco componentes do sistema climático: atmosfera, hidrosfera (águas),
criosfera (ambientes gelados), superfície continental e biosfera (seres
vivos).[90] Estes modelos se baseiam em princípios físicos que incluem dinâmica
de fluidos, termodinâmica e transporte radiativo. Podem incluir componentes que
representam os padrões de ventos, temperatura do ar, densidade e comportamento
de nuvens, e outras propriedades atmosféricas; temperatura oceânica, salinidade
e circulação marinha; cobertura de gelo continental e oceânica; transferência
de calor e umidade do solo e vegetação para a atmosfera; processos químicos e
biológicos, entre outros. Porém, o comportamento natural destes elementos não
foi suficiente para explicar as mudanças climáticas recentes. Apenas quando os
modelos incluem influências humanas, como o aumento da concentração de gases
estufa ou a mudança no uso da terra, é que eles conseguem reproduzir
adequadamente o aquecimento recente. É significativo que nenhum dos modelos que
excluem os fatores humanos pôde reproduzir os registros objetivos com
fidelidade.[13]
Para provar sua confiabilidade os modelos que
estabelecem previsões futuras precisam reproduzir as observações reais
registradas historicamente. Os modelos mais usados são globais, notoriamente
imprecisos no que diz respeito a detalhamentos localizados, e certamente têm
limitações e margens de erro, mas eles reproduzem com grande aproximação as
mudanças do clima em escala global observadas no passado e atestadas por
registros de vários tipos. Se a checagem com as séries históricas se confirma,
pode-se usar o mesmo modelo de maneira reversa para prever o futuro com bom
grau de confiabilidade. Mas, pelas suas limitações, os modelos não podem chegar
ao nível do detalhe regional microscópico, e também porque não se pode saber
antecipadamente como a sociedade responderá no futuro próximo ao desafio de
continuar florescendo sem destruir o meio ambiente. Essa resposta, ainda
incerta, introduzirá novos fatores na equação, podendo mudar os cenários de
longo prazo radicalmente para melhor ou para pior. De qualquer modo, para
minimizar as incertezas, os modelos vêm sendo constantemente
aperfeiçoados.[91][92][93][94]
Apesar dos pesquisadores procurarem incluir tantos
processos quanto possível, simplificações do sistema climático real são inevitáveis,
uma vez que há limitações quanto à capacidade de processamento e
disponibilidade de dados. Os resultados podem variar também devido a diferentes
projeções de emissões de gases, bem como à sensibilidade climática do modelo.
Por exemplo, a margem de erro nas projeções do Quarto Relatório do IPCC de 2007
deve-se ao uso de diversos modelos com diferentes sensibilidades à concentração
de gases estufa,[95] ao uso de diferentes estimativas das emissões humanas
futuras de gases estufa,[96] e a outras emissões provindas de feedbacks
climáticos que não foram incluídas nos modelos constantes no relatório do IPCC,
como a liberação de metano quando derrete o permafrost.[97].
Os modelos não tomam o aquecimento como premissa,
mas calculam, segundo as leis da física conhecidas, como os gases estufa vão
interagir quanto ao transporte radiativo e outros processos físicos. Apesar de
haver divergências quanto à atribuição de causas do aquecimento ocorrido na
primeira metade do século XX, eles convergem no tocante ao aquecimento a partir
da década de 70 ter sido causado por emissões humanas de gases estufa.[98][99]
De fato, as principais projeções do IPCC, quando comparadas às observações
subsequentes, mostram-se precisas. Em alguns casos, como o aumento do nível do
mar e a retração da calota polar Ártica, estas projeções mostraram-se
conservadoras demais, com os eventos observados ocorrendo em ritmo bem mais
rápido que o previsto.[71][100]
As primeiras projeções e as observações subsequentes
Ver artigo principal: Painel Intergovernamental
sobre Mudanças Climáticas
A expressão "aquecimento global" não era
conhecida até a década de 1970; ela só foi cunhada em 1975, num artigo do
geoquímico Wallace Broecker publicado na revista Science.[101] Nesta altura
ainda não havia sido despertada a atenção geral para o fenômeno que a expressão
descreve, e embora os cientistas há bastante tempo já soubessem que o homem
poderia teoricamente afetar as condições climáticas do planeta, e que certos
gases como o dióxido de carbono deviam estar envolvidos num efeito estufa, não
se podia discernir exatamente como as mudanças aconteceriam.[102] Joseph
Fourier, trabalhando na década de 1820, foi o primeiro a assinalar que os gases
da atmosfera poderiam reter calor do Sol. John Tyndall, em experimentos
realizados na década de 1850, tentou comprovar a hipótese de Fourier,
descobrindo exatamente o que este havia previsto, e identificando o vapor
d'água e o CO2 como alguns dos gases envolvidos no processo de retenção de
calor. Svante Arrhenius, com a ajuda de Arvid Högbom, produziram entre o fim do
século XIX e o início do século XX novos avanços no conhecimento, identificando
o CO2 como um elemento-chave na variação da temperatura da Terra, prevendo que
os oceanos absorveriam parte do gás atmosférico e associando a elevação em seus
níveis à atividade industrial, mas eles acreditaram que o homem não seria capaz
de provocar uma mudança significativa na temperatura através da emissão de
gases senão ao longo de séculos ou milênios de atividade.[103][104]
Com poucas exceções, os cálculos de Arrhenius foram
em geral considerados pouco plausíveis e exerceram uma impressão desprezível na
comunidade científica, e a questão estagnou.[103] Guy Stewart Callendar,
baseando-se nas pesquisas anteriores, deixou outra contribuição fundamental em
1938. Analisando registros históricos mundiais, foi o primeiro a demonstrar a
partir de evidências concretas que o que vinha sendo previsto teoricamente já
estava acontecendo na prática. Identificou e mediu a atual tendência de elevação
nas temperaturas, descobrindo que o mundo havia esquentado aproximadamente 0,3
°C nos 50 anos anteriores, e confirmou a associação dessa elevação com as
emissões de carbono derivadas das atividades humanas. Suas conclusões chamaram
alguma atenção mas foram recebidas com bastante ceticismo e seu estudo caiu na
obscuridade, em parte porque este campo de pesquisas recém começava a ser
desbravado e havia muita incerteza, mas também porque Callendar era apenas um
climatologista amador,[104][105][106][107] mas seus gráficos se aproximam
notavelmente das análises mais recentes.[105] Em meados do século XX, com um
acelerado progresso nas pesquisas em vários campos relacionados, muitos
especialistas já chegavam a resultados semelhantes.[104][106][103] Roger Revelle,
por exemplo, escreveu em 1965: "Em torno do ano 2000 a elevação nos níveis
atmosféricos de CO2 pode ser suficiente para produzir mudanças mensuráveis e
talvez marcantes no clima, que quase certamente causarão mudanças
significativas na temperatura e em outras propriedades da estratosfera",
previsão que, na data apontada, havia se confirmado.[108]