Exemplos de textos da
época do modernismo
Moça Linda Bem Tratada
Moça
linda bem tratada,
Três
séculos de família,
Burra
como uma porta:
Um amor.
Grã-fino do despudor,
Grã-fino do despudor,
Esperte, ignorância e sexo,
Burro como uma porta:
Um coió.
Mulher gordaça, filo,
De ouro por todos os poros
Burra como uma porta:
Paciência...
Plutocrata sem consciência,
Nada porta, terramoto
Que a porta do pobre arromba:
Uma bomba.
Esperte, ignorância e sexo,
Burro como uma porta:
Um coió.
Mulher gordaça, filo,
De ouro por todos os poros
Burra como uma porta:
Paciência...
Plutocrata sem consciência,
Nada porta, terramoto
Que a porta do pobre arromba:
Uma bomba.
Mário de Andrade
— Psio . . . —
Para cá, para lá. .
Para cá e. .
— O novelozinho caiu.
Para cá, para lá. .
Para cá e. .
— O novelozinho caiu.
Pronominais
Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro.
Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro.
Oswald de Andrade
Eu sou trezentos...
Eu sou trezentos, sou trezentos-e-cincoenta,
As sensações renascem de si mesmas sem repouso,
Ôh espelhos, ôh! Pirenéus! Ôh caiçaras!
Si um deus morrer, irei no Piauí buscar outro!
As sensações renascem de si mesmas sem repouso,
Ôh espelhos, ôh! Pirenéus! Ôh caiçaras!
Si um deus morrer, irei no Piauí buscar outro!
Abraço no meu leito as melhores palavras,
E os suspiros que dou são violinos alheios;
Eu piso a terra como quem descobre a furto
Nas esquinas, nos táxis, nas camarinhas seus próprios beijos!
E os suspiros que dou são violinos alheios;
Eu piso a terra como quem descobre a furto
Nas esquinas, nos táxis, nas camarinhas seus próprios beijos!
Eu sou trezentos, sou trezentos-e-cincoenta,
Mas um dia afinal eu toparei comigo...
Tenhamos paciência, andorinhas curtas,
Só o esquecimento é que condensa,
E então minha alma servirá de abrigo.
Mas um dia afinal eu toparei comigo...
Tenhamos paciência, andorinhas curtas,
Só o esquecimento é que condensa,
E então minha alma servirá de abrigo.
Mário de Andrade
0 comentários:
Enviar um comentário